O Projeto Ametista, desenvolvido pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) em parceria com o Instituto Federal Goiano – Campus Cristalina, entrou em uma nova fase de expansão na bacia do Rio Samambaia, com a instalação de dez estações de monitoramento que passam a medir, em tempo real, o nível das barragens, as condições climáticas e o volume de água utilizado na irrigação. A iniciativa cria a primeira rede completa de dados hidrometeorológicos da região, considerada estratégica para a produção irrigada do Centro-Oeste.
As ações, acompanhadas por representantes do Ministério nesta segunda-feira (17), integram o Termo de Execução Descentralizada (TED) que destinou R$ 1,53 milhão para estruturar o sistema e aprimorar o planejamento hídrico das propriedades rurais.
O sistema de monitoramento telemétrico é composto por duas estações fluviométricas (responsáveis pela medição do nível dos cursos d’água), quatro estações meteorológicas (que registram variáveis climáticas importantes para o manejo) e quatro estações de captação (que medem o volume de água utilizado pelos pivôs e avaliam a demanda hídrica das tubulações). Todas as estações enviam dados em tempo real para a Sala de Situação da Agricultura Irrigada, instalada no IF Goiano, onde ocorre o processamento, análise e acompanhamento contínuo das informações.
Durante a visita à Fazenda Capão Grande, uma das propriedades integrantes do Polo do Planalto Central, a comitiva do MIDR conheceu duas das estações instaladas, que ilustram os resultados alcançados nesta segunda fase do projeto, demonstrando o potencial da tecnologia para aprimorar a gestão hídrica e fortalecer a segurança produtiva da região.
A coordenadora-geral de Instrumentos da Política Nacional de Irrigação, Rose Edna Pondé, explicou que o avanço do Projeto Ametista está alinhado a uma estratégia nacional de reconhecimento de polos de agricultura irrigada em todas as regiões do país. “A formalização do TED com o IF Goiano, que já está em sua segunda fase, só foi possível porque existe no Ministério uma estratégia definida por meio da iniciativa de reconhecimento de polos de agricultura irrigada. Essa iniciativa, que nasce em 2020 e ganha corpo nesse governo, permite que áreas com potencial de irrigação sejam identificadas, qualificadas e fortalecidas com apoio direto da nossa Secretaria e do Departamento de Irrigação”, afirmou.
Pondé destacou que esse reconhecimento é um mecanismo que desencadeia ações concretas. A partir dele, áreas irrigadas passam a ser acompanhadas de perto pela SNSH, que mapeia potencialidades e gargalos na produção agrícola das propriedades, oferecendo apoio técnico especializado.
Monitoramento
Durante a apresentação aos representantes do MIDR, o professor Álvaro Henrique Cândido de Souza, especialista em Irrigação e Agrometeorologia do IF Goiano e coordenador do Projeto Ametista, explicou o funcionamento das estações hidrométricas instaladas nas fazendas da região. Ele detalhou que os sensores medem a pressão exercida pela coluna d’água para calcular, com precisão, o volume armazenado nas barragens, permitindo acompanhar as oscilações típicas entre a estação chuvosa e os períodos secos.
O professor explicou que esse monitoramento é essencial para garantir segurança hídrica, estabilidade da produção e previsibilidade das colheitas. “As barragens têm a função de reservar água durante os meses chuvosos para sustentar a produção na estiagem. Mesmo na temporada de chuva, já identificamos períodos de falta d’água capazes de comprometer a produtividade. Com essas estações, podemos entender a dinâmica hídrica local e oferecer bases científicas para o manejo”, completou.
Colhendo resultados
Na avaliação do engenheiro agrônomo e gerente da Fazenda Capão Grande, Leonardo Mundim Nogueira, o Projeto Ametista tem ajudado a aumentar a eficiência do manejo hídrico na propriedade. “Nossa parceria com o IF inclui a utilização de tensiômetros. Esses instrumentos, instalados dentro dos pivôs, medem a capacidade de retenção de água no solo, e auxiliam na decisão sobre a necessidade de irrigar ou não. A irrigação, a nosso ver, é fundamental para otimizar o ciclo da cultura do café. Ela nos permite escalonar a produção, com grãos mais maduros e uniformes na colheita”, contou.
O acesso a dados meteorológicos e ao monitoramento telemétrico das barragens, fornecidos pelo sistema instalado em parceria com o IF Goiano, permitiu à Fazenda Capão Grande ajustar a irrigação de acordo com previsões de chuva e níveis de armazenamento, otimizando o uso de água e energia. “Enquanto a produção de café na região sul de Minas Gerais é de, em média, entre 20 e 30 sacas por hectare, nós alcançamos 100 sacas por hectare. Em uma área de 1.200 hectares, temos uma média geral de 65 sacas por hectare”, exemplificou o gerente.
Fonte: Brasil 61

